29.10.06

Vim finalmente encerrar esse negócio. Na verdade não sei bem por que comecei. Bom, o fato é que eu não me vejo escrevendo nada decente, nada que me deixe satisfeita. Tá, podem argumentar que eu não escrevo. É verdade, mais um motivo pra eu não querer continuar. Pra que um blog no qual eu não posto nada? Acho que ninguém mais entra aqui. Mas eu decidi dizer tchau mesmo assim. Sei lá, acho que eu não sou suficientemente segura pra escrever alguma coisa que todo mundo vai ler, vai poder julgar. Vou ser, talvez, jornalista, mas é diferente. Mesmo não me sentindo apta a escrever reportagens e todas essas coisas, ainda é bem diferente de escrever o que eu penso e o que eu sinto. Isso é muito pessoal, sei lá.
Venho aqui uma vez na vida e outra na morte pra dizer qualquer bobagem. Pra quê? Quando eu preciso mesmo falar alguma coisa eu não escrevo mesmo. Quando eu escrevo, são coisas que as pessoas que lêem já sabem. Então, pra quê?
Podia ter escrito alguma coisa sobre as eleições. Afinal, elas são amanhã (aliás, é Lula lá e Olívio aqui! e vai!). Podia ter falado qualquer merda sobre mim. Afinal, tem várias coisas (pode não parecer, mas tem) acontecendo. Várias coisas que me fizeram parar pra pensar em muitas coisas. Mas não vou escrever sobre isso.
Sabe? Acho que o que me dá vontade de escrever normalmente é pessoal demais pra postar aqui. Acho que eu não consigo falar por códigos pra que as pessoas não entendam. Se bem que se eu for escrever alguma coisa sobre mim aqui, a meia dúzia de leitores do meu blog já vai saber do que se trata.
Ah, o fato é que eu não nasci pra escrever blogs. Tá vendo? Não consigo nem explicar. Isso só corrobora o fato de que eu não escrevo bem (ok, o Porcello gosta), não consigo dizer exatamente aquilo que eu penso. Complexo! Ou não. Não sei. Não sei de nada. Ponto. Fim.

23.9.06

É Primavera!

\o/\o/\o/\o/

4.9.06

repararam que os dias já estão mais compridos?

18.8.06

Esqueci...

...de dizer que, durante as minhas férias, o pai do Kauê entrou no meu orkut quase que diariamente. Informação extremamente relevante...

17.8.06

E a América...

... é VERMELHA!

Minhas férias ;P

Monotonia: nessa palavra sempre se resumiram as minhas férias. Nunca tinha nada para fazer, pois todos os meus amigos viajavam, meus pais trabalhavam e eu ficava sozinha. Esse ano as coisas melhoraram consideravelmente. Ainda está longe de ser as férias dos filmes de adolescentes norte-americanos, com bicicletas, amigos, festas, namorados e muita diversão, mas dá pra adaptar a fórmula pra um cotidiano porto-alegrense do século 21. Ok, pra isso faltaram algumas coisas ainda, mas já tem a presença dos amigos, ao menos. Algumas festas, alguns telefonemas e muitos e-mails e conversas pelo MSN (é aí que entra o diferencial do século 21) fizeram a alegria dessa que vos fala.
Sem querer ser injusta, devo acrescentar vários acontecimentos desses 30 dias em que fiquei afastada (ou quase afastada) da Fabico e que tornaram essa folga menos entediante. Comecei as férias gripada, mas logo melhorei. Minha brilhante capacidade de dedução me leva a crer que isso tem relação com as constantes mudanças climáticas por que estamos passando. Baixei todo o armário pra não passar frio nem calor. As pessoas destróem com o meio ambiente e ele se revolta, tadinho... Frio demais, calor na hora errada. Tá, voltemos ao foco. Não gosto de frio, mas esse ano nem dá pra reclamar muito, ele não durou muito tempo, e sempre tinha minha cama com meu edredom...
Desde o primeiro dia do nosso recesso, fui praticamente obrigada a escrever relatos diários contando as minhas atividades para enviar a meus amigos que estavam longe e não tinham outra forma barata de manter contato (ou até tinham, mas não tavam nem aí, eu tinha q escrever). Dessa forma, durante o tempo em que eu consegui manter o ritmo diário, me forcei a exercitar um pouco minha capacidade de escrever alguma coisa interessante. Ainda acho que eu não tenho tal capacidade, mas meus amigos, justamente por serem meus amigos, leram todas as minhas composições prolixas e sem-graça. Brigada, gente! Vou citar vocês no agradecimento do meu primeiro livro.
Li pouquíssimos livros, em comparação aos vários que eu havia planejado, mas foram alguns dos melhores livros que eu já li. Fui no cinema só uma vez, apesar de ter tentado combinar com diferentes pessoas pra ver mais alguns filmes. Também aluguei alguns DVDs, que contribuíram pra incrementar o cardápio cultural das minhas férias (que acaba por aí, elas foram um tanto medíocres). Vi um pouco de televisão também, mas bem menos do que eu era acostumada quando eu era menor (é, as minhas férias eram bastante sem-graça mesmo, além de sedentárias). A novidade é que assisti também futebol. Essas férias me fizeram lembrar que eu sou colorada. Vi meu time chegar à final das Libertadores, me fazendo voltar a vestir a camisa, literalmente.
Passei as férias procurando estágio, depois de frustrantes seis meses trabalhando na redação do jornal O Sul. Como as oportunidades não querem obedecer aos meus horários (desculpa pra não dizer que eu simplesmente não sou chamada...), continuo desempregada. Até fiz um teste na Band AM e News FM, mas percebi que seria só um teste quando reparei que eu era a única que não tinha nenhuma experiência com rádio e nunca tinha feito uma reportagem. Continuo à procura.
Algumas novidades se abateram sobre o meu cotidiano. Pela primeira vez na vida, cozinhei quase que diariamente. Nada de cardápios muito elaborados, mas até apetitosos. Uma vez por semana, no entanto, ia almoçar no RU, pra depois encontrar os poucos remanescentes em Porto Alegre pra jogar sinuca no Dacom. O mais incrível é que eu não desisto de tentar fazer aquele monte de bolas cair em algum dos seis buracos da mesa, apesar da minha enorme descoordenação. Enfim, é divertido, mesmo errando. Também com esses poucos que continuavam por aqui, saí algumas vezes. Comemoramos uns aniversários ou simplesmente saímos pra beber (eles, claro, porque eu não bebo...).
Se por um lado senti falta dos amigos que estavam longe nas férias (um mês parece pouco, mas é um montão longe desse pessoal), por outro matei a saudade de pessoas que fazia anos que eu não via. Encontrei meus ex-colegas do colégio, descobri que as pessoas estão diferentes, mas, paradoxalmente, continuam iguais (bonito isso, não?). Descobri que eu ainda gosto deles, mas entendi por que a gente fica tanto tempo sem se falar. Dá pra entender?
Além dos amigos, passei um bom tempo com a minha família, em Caxias. Não foram muitos dias, mas o suficiente pra matar a saudade sem querer sair correndo. Lá, como sempre em qualquer família italiana, comi muito e muito bem, o que me lembra a dieta que eu comecei nas férias e que já me rendeu algum (mísero) resultado.
Terminando de escrever, percebo que as minhas férias até foram interessantes. Tá, poderiam ser melhores, mas acho que não posso reclamar. Não fiquei ansiosa pela volta as aulas, mas fiquei feliz quando elas recomeçaram. Ou seja, acho que foi tudo no tempo certo (naquelas...).

11.7.06

antes eu não tinha nenhuma desculpa pra não escrever. eu simplesmente não escrevia.

agora eu pelo menos tenho desculpa, já é uma evolução... tenho q escrever relatos diários das minhas férias, não me sobra saco nem inspiração pro meu blog (tempo sobra, e bastante, mas de q adianta só o tempo?).

desculpa, mas é isso. um dia talvez eu volte. não deixem de entrar aqui de vez em quando (pra quem ainda não desistiu (eu confio na persistência de alguns, mesmo q poucos)). talvez eu venha fazer um balanço desse meio ano de 2006 q já passou. ou não.

19.4.06

"Feito febre, baixava às vezes nele aquela sensação de que nada daria certo, que todos os esforços seriam para sempre inúteis, e coisa nenhuma de alguma forma se modificaria. Mais que sensação, densa certeza viscosa impedindo qualquer movimento em direção à luz. E além da certeza, a premonição de um futuro onde não haveria o menor esboço de uma espécie qualquer não sabia se de esperança, fé, alegria, mas certamente qualquer coisa assim.
Eram dias parados, aqueles. Por mais que se movimentasse em gestos cotidianos - acordar, comer, caminhar, dormir -, dentro dele algo permanecia imóvel. Como se seu corpo fosse apenas a moldura do desenho de um rosto apoiado sobre uma das mãos, olhos fixos na distância. Ausentou-se, diriam ao vê-lo, se o vissem. E não seria verdade. Nesses dias, estava presente como nunca, tão pleno e perto que estava dentro do que chamaria - tivesse palavras, mas não as tinha ou não queria tê-las - vaga e precisamente de: A Grande Falta."

"(...) a verdade é que chega-se sempre longe demais quando não se quer Ir Direto Aos Fatos, e o problema de Ir Direto Aos Fatos é que não há cir-cun-ló-quios então, e a maioria das vezes a graça reside justamente nesses Vazios Volteios Virtuosos, digamos assim: que não haja beleza nos fatos desde que se vá direto a eles? ou que não exista mistério, que seja insuportavelmente dispensável gostar dos tais circunlóquios. Ultrapasse-os, ordeno. Acontece que. Não, nada acontece"

Caio Fernando Abreu

15.2.06

A mal-entendida


Porto Alegre vive à beira de alguns mal-entendidos.
Para começar, vive à beira de um rio que não é rio. O Guaíba é um estuário, ou como quer que se chame essa espécie de ante-sala onde cinco rios se reúnem para entrar juntos na Lagoa dos Patos. Mas todos o chamam de Rio Guaíba.
A rua principal da cidade não existe. Você rodará toda a cidade à procura da Rua da Praia e não a encontrará. Usando a lógica - o que é sempre arriscado, em Porto Alegre - procurará uma rua que margeia o rio (que não é rio), ou que comece ou termine numa praia. Se dará mal. Não há praias no centro da cidade, e nenhuma rua ao longo do falso rio se chama "da praia". Finalmente, desconfiado de que a rua principal só pode ser aquela que concentra a maior parte do tráfego de pedestres no centro, você consultará a placa e lerá "Rua dos Andradas". Mas ninguém a chama de Rua dosAndradas, chamam pelo nome antigo, Rua da Praia. Por que da praia? Ninguém sabe. Só se sabe que ela vai da Ponta do Gasômetro, que não é mais Gasômetro, até a Praça Dom Feliciano, que todos chamam Praça de Santa Casa, passando pela Praça da Alfândega, que já foi praça Senador Florêncio, mas voltou a ser Praça da Alfândega porque ficava na frente da Alfândega - que não existe mais.
Confuso, você talvez entre no prédio da prefeitura para pedir satisfações, só para descobrir que entrou no prédio errado. Existe outra prefeitura, a nova, atrás da velha, que por sua vez tem na frente uma praça chamada não Porto Alegre mas Montevidéu.
Na prefeitura certa, talvez lhe digam para ir se queixar ao bispo, tendo que, para isto, subir a Rua da Ladeira até a Praça da Matriz, onde fica a Catedral. Desista. Você não encontrará a Rua da Ladeira, que hoje se chama (só ela se chama, porque ninguém mais a chama assim) General Câmara, e a Praça da Matriz na verdade é a Praça Marechal Deodoro, embora poucos porto-alegrenses saibam disto.
A única vantagem de toda esta confusão é que você precisará de muito tempo para ir decifrando Porto Alegre, ao contrário do que acontece em cidades previsíveis e sem graça como Paris, Roma, etc., onde tudo tem o mesmo nome há séculos - e ir degustando-a aos poucos. Acho que não se decepcionará.
Vencidos os primeiros mal-entendidos e localizada, por exemplo, a “Praça da Matriz”, você pode fazer uma visita ao Theatro São Pedro, um dos orgulhos da cidade com seu prédio em estilo barroco português e sua pequena platéia em forma de ferradura. Há quem diga que é o teatro mais bonito do Brasil. Certamente é o mais bem cuidado. Inaugurado em 1858, esteve fechado por uns tempos e foi magnificamente restaurado para sua reinauguração há poucos anos. Da sacada do seu primeiro andar, onde ficam o foyer e o café, você pode olhar a Praça de cima. Se tiver sorte, os jacarandás estarão florindo. Do outro lado da praça, estão a Catedral e o palácio do governo estadual, ou Palácio Piratini, esse no estilo neoclássico francês. Duas coisas surpreendem alguns visitantes em Porto Alegre pela quantidade insuspeitada: a arquitetura neoclássica e os jacarandás.
Saindo do Theatro São Pedro, você pode aproveitar para dar uma olhada na Biblioteca Pública (outro exemplo do estilo neoclássico), e principalmente uma espiada no seu Salão Mourisco, ricamente decorado. Desça a Rua da Ladeira. Está bem, a General Câmara. Você chegará ao chamado Largo dos Medeiros e a outro mal-entendido municipal. O largo tem este nome extra-oficial em homenagem a um café que tinha ali e não tem mais. Não, não se chamava Café Medeiros, os donos é que se chamavam assim. Não importa, vire à esquerda e siga pela Rua da Praia - dos Andradas! dos Andradas! - passando a Praça da Alfândega, onde todas as primaveras se realiza a famosa Feira do Livro de Porto Alegre.
Depois de uma curta caminhada, você chegará ao antigo Hotel Majestic, hoje belissimamente transformado na Casa de Cultura Mario Quintana, com teatros, cinemas e salas para cursos e exposições. Vale a pena entrar para ver o que foi feito do velho hotel e ir até o Café Concerto na sua parte superior, ou então deixar para voltar lá na hora do pôr-do-sol. Um pouco mais adiante na mesma Rua da Praia, à sua esquerda, você verá a igreja Nossa Senhora das Dores, com uma grande escadaria na frente. A fachada e a escadaria são iluminadas à noite, é uma das bonitas visões da cidade.
Volte pela mesma Rua da Praia em direção ao centro. Ao chegar à Avenida Borges de Medeiros, pegue a esquerda e desça até o Mercado Público, perto da prefeitura e da já citada Praça Montevidéu, onde está a graciosa Fonte de Talavera de la Reina, um presente da comunidade espanhola à cidade. Passeie dentro do mercado e veja as suas "bancas" especializadas, como a que vende vários tipos diferentes de erva para o chimarrão. Os morangos com nata batida da Banca 43 são famosos.
O pôr-do-sol não pode ser reivindicado como atração turística de Porto Alegre, já que tecnicamente ele acontece fora dos limites estritos do município, mas saber se colocar para assisti-lo é uma das artes da cidade. O novo Café Concerto, na cúpula do antigo Hotel Majestic, com uma vista desimpedida do “rio” e do poente, já tem seus adeptos, mas o ponto tradicional dos crepusculistas é o mirante do Morro de Santa Teresa. Você precisará de transporte para ir do centro até lá e se for de táxi, para evitar outro mal-entendido, diga ao motorista que quer ir ao “Morro da Televisão”. Do mesmo mirante você terá a melhor vista da cidade, cuja topografia já foi comparada à de São Francisco na Califórnia. E verá, lá embaixo, o imponente estádio do grande Sport Club Internacional.
Outro bom lugar para se olhar a cidade e o pôr-do-sol é o Morro do Turista. Para chegar lá você precisa pedir para ser levado ao Morro da Polícia. É o mesmo morro.
Aos domingos pela manhã, boa parte da população de Porto Alegre vai ao “Brique da Redenção”, assim chamado porque fica no Parque Farroupilha. Calma. O Parque Farroupilha, um dos maiores parques urbanos do mundo, é conhecido pelos porto-alegrenses como Parque da Redenção. Ou, sucintamente, “a Redenção”. “Brique”, na língua gaúcha, é o encurtamento de “briqueabraque” e é uma feira de antigüidades em que tudo, até revista da semana passada, é considerado antigüidade. Mas em meio às porcarias assumidas, há louças e pratarias, livros valiosos, selos e moedas e principalmente muita gente vendendo, comprando ou só passeando.
O parque se chama Farroupilha em homenagem à revolução do mesmo nome que os gaúchos fizeram em 1835 contra o império, proclamando a República Rio-grandense. Mas, embora todo mundo aqui hoje comemore a insurreição, Porto Alegre manteve-se fiel ao governo central e por isto mereceu o título de “leal e valorosa cidade” conferido pelo imperador Pedro II, e que está no seu brasão.
Outro mal-entendido.

Luis Fernando Veríssimo

9.2.06

Tá, desisti da minha batalha contra os RPs... Acho q encontrar a Leila Maldita Thomas no shopping não me fez bem, fiquei com medo... E também cansei de perder o meu tempo com isso.
Sei lá, hoje fiquei com vontade de falar um pouco de mim, mas não sei bem o quê. Hoje foi um dia, digamos, atípico. Não o que eu fiz, porque isso já fiz muito... Acordar com meus amigos em casa (não, isso não foi uma orgia, foi só um quase cacarejo), fazer comida (não eu, que isso sim seria bem estranho) e ir pro trabalho (blé). Foi estranho o que eu pensei, o que eu senti. Sei lá, também não foi a primeira vez, mas fazia tempo que eu não ficava assim, triste sem motivo, me sentindo sozinha. Mas foi bom também. Durante esse tempo, antes ainda de eu entrar no msn e encontrar todo o mundo, conversei com várias pessoas. Não, não ficou legal essa frase. Conversei com vários amigos. Agora sim. Foi bom. Sei lá. Foi ruim, mas foi bom. Foi depois de passar a noite com amigos que eu amo. Ainda não sei por que fiquei assim. Mas foi.

29.12.05

RP's 2

"Os dados, publicados no livro A manipulação do público [Noam Chomsky], revelaram a existência de mais de 20 mil agentes de relações públicas e assessores de imprensa em território americano com o único objetivo de distorcer notícias ainda no nascedouro para beneficiar seus patrões e financiadores." (Jornalismo Investigativo, Leandro Fortes)

27.12.05

Palavrões!!

Muitos já devem conhecer esse texto, mas, como eu acho muito bom, resolvi pôr aqui...

"PALAVRÕES
Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua. Como o Latim Vulgar, será esse Português Vulgar que vingará plenamente um dia. Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e Dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho?" "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressãomatemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!". O "Não, não e não!", assim como o "Absolutamente Não" já soam sem nenhuma credibilidade. O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquída o assunto. Libera-te, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida. Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral? Não perca tempo nem paciência. Solte fogo um definitivo Marquinhos, presta atenção, filho querido, "NEM FODENDO!". O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Caetano Veloso.
Por sua vez, o "porra nenhuma!" Atendeu tão plenamente as situações o onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional. Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um "é PHD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!". O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior. É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba. Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cú?" E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no meio do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável! Dirige-se ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no meio do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior Poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definições mais exatas, pungentes e arrasadoras para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, queuma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".
Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" Que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!" O "foda-se!" Aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas.Liberta-me. "Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!". O direito ao "foda-se!" Deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e Foda-se!"
Luís Fernando Veríssimo

RP's

Bom, começando a série de por que eu odeio os RP's (ou RRPP), ou melhor, por que eu odeio os RRPP graças à Leila Thomas (eu não pensava assim antes de ter aula com ela... isso é que é uma boa RP):
"Ainda jovem mas já veterano nas lides da imprensa, arrotando em surdina ideologia radical e princípios explosivos, visando porém fins benéficos, Leonel Vieira afogou protesto e ameaças em uísque escocês na grata companhia do doutor Mirko Stefano e de algumas apetitosas moças, todas elas relações-públicas de muita animação e pouca vetimenta. Pouca, em termos: duas entre as mais bem modeladas exibiam longas túnicas transparentes e por baixo nada ou quase nada, túnicas essas, na opinião de entendidos, mais excitantes que os curtos shortes ou os sumários biquínis." (Tieta do Agreste, Jorge Amado)
Que fique bem claro: nada contra a profissão mais antiga da história!!
Ah, e um agradecimento especial à Schossler, que me emprestou o livro.

26.12.05

Bom, preciso render uma homenagem àquele que tem salvado meus momentos de tédio ultimamente... O grande Gmail!!! heheheheh... tá, parece piada, eu sei, mas aqueles que compartilham comigo desses momentos sabem que não é exagero... foram mais de 1000 e-mails em um mês... (mas ah, galo cinza!! ou seria pinto bege?) Agradeço principalmente aos que colaboram pra esse número... Fer, Paula, Naty, Isma, Alexandre... Muito obrigada!! hauhauhauhauhauhau
Aproveito para recomendar a todos (já faço um merchandising, depois eu cobro da Paula) o Boletim Tédio!! Bom, pra quem conhece o jeito Paula de escrever, já sabe que vem qualidade... hehehehehe... Eu já disse pra aumentar o número de assinantes...
Digamos que esses e-mails estão ajudando a animar um pouco as minhas férias!! Estão um tanto quanto atípicas... o que não é ruim, é só diferente!!

17.12.05

Balanço de 2005:
Muitos amigos, faculdade, trabalho (no finzinho mas ainda em 2005), muitos amigos...
Não precisa mais que isso... Pelo menos não por enquanto... Só meus amigos, a Fabico, meus amigos, já fecham esse balanço com saldo positivo. Muito positivo. Resumindo: um ano muito bom, muito bom mesmo, assim, bom afu!!! É isso, depois de 2004, que foi uma merda, veio 2005, o melhor ano dos últimos... ããã... dos que eu ainda me lembro!!

Sim, sim, eu ainda existo!!

8.11.05

"Sexo é que nem truco: se você não tem um bom parceiro, é melhor que tenha uma boa mão."

22.10.05

Meu primeiro aniversário depois que eu crie esse blog. Depois que eu entrei na Fabico. Sei lá, achava que não tinha muito o que dizer. Pensei em falar que eu estou muito feliz, que eu tenho amigos maravilhosos... Mas até ontem era tudo muito verdadeiro mas sei lá, ontem parece que tudo ficou mais intenso, mais forte. Ontem eu tive certeza de como os meus amigos me fazem feliz. Meus amigos que eu conheço há seis meses e amo como se a gente tivesse crescido junto. Falando assim parece exagero, eu sei, mas eu não sei ver diferente. Nunca antes um presenta tinha me deixado tão feliz, me feito chorar como eu chorei. Pois é, não chorei tanto na hora, mas vocês não vram depois... Putz, acabo me abrindo demais aqui. Mas como as pessoas que lêem esse blog são as mesmas pessoas que me fizeram chorar, acho que merecem saber que me fazem feliz. Sei lá, não sei mais o que escrever, acho melhor parar que já estou começando a chorar de novo. Só mais uma coisa: amo muito vocês, muito obrigada por terem entrado na minha vida (puta merda, que clichê... fazer o quê, é verdade, não tenho criatividade pra dizer diferente)!!!

Ah, Naty, adorei as frases curtas. Tem que ser bom hein... hehehehe

8.10.05

"No que respeita à tragédia de Nova Orleans, os norte-americanos estão atônitos e indignados com a ineficácia da resposta do governo. Como foi possível que milhares de pessoas tenham esperado de três a sete dias para serem retiradas ou receberem água potável e alimentos, razão por que muitos terão morrido desnecessariamente?As comparações com tragédias no estrangeiro são inevitáveis. Quando o tsunami assolou a Ásia, o socorro chegou em 24 horas. Quando, no ano passado, Cuba foi varrida por um violento furacão, o governo retirou mais de um milhão de pessoas sem uma única perda de vidas. (...)
O mesmo jornal, na sua edição de 9 de setembro, noticia que começou já a corrida ao ouro dos contratos milionários para a reconstrução de Nova Orleans, e, para surpresa dos ingênuos, as empresas já contratadas pelo governo são as mesmas que foram contratadas para reconstruir ... o Iraque. (...)
O relatório da ONU sobre a desigualdade no mundo, que acaba de sair, denuncia com inusitada veemência fatos que os políticos e governos conservadores de todo o mundo preferem não saber: no país mais rico do mundo, não há um sistema nacional de saúde, e 40 milhões de cidadãos não têm qualquer seguro de saúde; a mortalidade infantil tem aumentado desde 2000 e é hoje igual à da Malásia; os negros de Washington DC têm uma mortalidade infantil mais alta que os habitantes do Estado indiano de Kerala.A tragédia de Nova Orleans revela que, nesse modelo de sociedade, o Estado está cada vez menos disponível para garantir o bem-estar e a segurança dos cidadãos. Quando os atingidos são sobretudo os pobres e negros, como aconteceu nesse caso, essa indisponibilidade transforma-se em repugnante indiferença. Perante esses fatos, a facilidade com que as nossas elites políticas se deixam seduzir por esse modelo de sociedade e de Estado não pode ser atribuível à ignorância. É produto de má-fé e de corrupção moral e política. "
Boaventura de Sousa Santos, sociólogo
Tá, me empolguei nas citações, depois d tanto tempo sem postar nada, mas tenho recebido uns e-mails mto bons...

"A notí­cia já é apresentada como opinião, em lugar de permitir a formação de uma opinião. Por isso mesmo, a forma da notícia tornou-se assustadora, pois indí­cios e suspeitas são apresentados como evidências, e, antes que haja provas, os suspeitos são julgados culpados e condenados. Esse procedimento fere dois princí­pios afirmados em 1789, na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, quais sejam, todo cidadão é considerado inocente até prova em contrário e ninguém poderá ser condenado por suas idéias, mas somente por seus atos. Ora, vocês conhecem o texto de Hegel [filósofo alemão, 1770-1831], na "Fenomenologia do Espí­rito", sobre o Terror (em 1793), isto é, a transformação sumária do suspeito em culpado e sua condenação à morte sem direito de defesa, morte efetuada sob a forma do espetáculo público. (...)
Assim, na presente circunstância brasileira, a impressão geral deixada pela mí­dia é da mescla de espetáculo e terror, tornando mais difí­cil do que já era manifestar idéias e opiniões nela e por meio dela. (...)
Notícias são produzidas sem ou contra os fatos. E com as notícias vêm as versões e opiniões, os julgamentos sumários e as desqualificações públicas. (...)
Num jornal do Rio de Janeiro e num de São Paulo, FHC disse uma pérola, declarando que por não entender de Espinosa, não fala nem escreve sobre ele e que eu, como não entendo de política, não deveria falar sobre o assunto. Como vocês podem notar, o princí­pio democrático, segundo o qual todos os cidadãos são politicamente competentes, foi jogado no lixo. Qual é o sentido disso? Deixo de lado o fato de ser mulher, intelectual e petista (embora isso conte muitíssimo), para considerar apenas o núcleo da relação estabelecida comigo. A mí­dia está enviando a seguinte mensagem: 'Somos onipotentes e fazemos seu silêncio falar. Portanto, fale de uma vez!' É uma ordem, uma imposição do mais forte ao mais fraco. Não é uma relação de poder e sim de força."

Marilena Chauí

4.9.05

Pobreza? Riqueza? Cor?

Eu queria escrever alguma coisa alegre já que faz tento tempo que eu não apareço e porque é assim que eu tenho me sentido ultimamente. Mas acabei de ver no Fantástico uma matéria com crianças falando sobre pobreza e riqueza. Uma menina negra que mora em um quilombo disse que as pessoas são ricas porque são brancas e são pobres porque são negras. Bem assim, para ela, o motivo de uma pessoa ter ou não dinheiro é a cor da pele, porque Deus quis assim. Faz sentido, ela olha ao redore vê essa as coisas assim, a maioria pobre e negra e uma minoria rica (ou de classe média, distinção que não foi feita no programa) e branca. Em seguida, um menino branco disse que não era rico nem pobre, porque tem vergonha de dizer que é rico, parece ofensa. Ele tinha ido 7 ou 8 vezes à Disney.
Fiquei muito triste. A diferença é enorme, mas a gente não se dá conta que não é culpa dos ricos de hoje, é uma questão histórica, que evoluiu pra uma mentalidade que aceita e concorda. O menino tinha vergonha de dizer que era rico porque, no fundo, ele sente culpa por ter um dinheiro que a maioria não tem. Bom, resumindo o desabafo, é tudo muito triste. A menina rica é infeliz porque Deus não quer que ela tenha dinheiro e o menino se sente culpado por isso. Só temos que descobrir como mudar isso.

13.8.05

Por favor, não esperem grandes comentários sobre o pronunciamento do Lula. Só digo que a tristeza é grande, e a decepção maior ainda.

Aprendendo...

A gente vai aprendendo com a vida. O ano de 2004 me mostrou isso muito claramente. Foi muito difícil, chorei muito, tinha que decidir um curso, uma profissão, estava longe dos meus amigos, não sabia o que fazer. Foi horrível, mas aprendi muito, acho que amadureci, era o tempo que eu precisava pra entrar na faculdade um pouco mais segura, confiante. Acho que eu consegui, entrei e fiz vários amigos, continuo aprendendo muito. Pena que a gente aprenda mais com o que dá errado do que com o que dá certo. E assim foi, aprendi agora que eu não tenho controle sobre tudo, não pude decidir nem os meus horários. É uma coisa pequena, eu sei, é só um semestre (espero), mas é uma prova de impotência, e isso machuca. Mas faz parte da vida. As coisas no colégio eram muito mais fáceis, mas nem sempre isso é melhor. Agora é tudo mais difícil mas eu sou mais feliz. Já esbravejei, gritei que era injustiça, mas não vejo isso mais como um problema muito sério, sei que a tristeza e a raiva vão passar e eu não vou perder meus amigos por causa desses horários. Como a Naty disse no blog dela, eu também sou piegas e não sei o que fazer nessas situações, me sinto meio perdida. É, vou aprendendo...

11.8.05

Pedido de desculpas

Hoje vi, pela primeira vez desde o início da crise, um deputado do PT (o gaúcho Henrique Fontana) pedir desculpas ao povo por tudo o que o partido fez (ou pessoas do partido, como eles dizem). Tá, não foi uma declaração oficial, não fala em nome de todo o PT e nem do presidente Lula, mas já é um começo do reconhecimento do erro cometido. Além disso, o presidente do PT, Tarso, afirmou que o presidente Lula deveria falar à nação. Pena que seja apenas uma sugestão, pelo menos por enquanto. Será que o início de uma nove esperança? Bom, a última vez que nos disseram pra ter esperança, só veio decepção. Enfim, eu realmente não sei mais o que pensar.

10.8.05

Cueca e dólares

Adorei isso:

"O episódio da cueca x doláres na visão dos escritores...

À moda Haicai:
'Cueca e dinheiro,
o outono da ideologia
do vil companheiro.'

À moda Machado de Assis:
'Foi petista por 25 anos e 100 mil dólares na cueca'

À moda Dalton Trevisan:
'PT. Cem mil. Cueca. Acabou.'

À moda concretista:
'PT
cueca
cu
PT
eca
peteca
te
peca
cloaca.'

À moda Graciliano Ramos:
'Parecia padecer de um desconforto moral. Eram os dólares a lhe pressionar os testículos.'

À moda Rimbaud:
'Prendi os dólares na cueca, e vinte e cinco anos de rutilantes empulhações cegaram-me os olhos, mas não o raio-x.'

À moda Álvaro de Campos:
'Os dólares estão em mim
já não me sou
mesmo sendo o que estava destinado a ser
nunca fui senão isto: um estelionato moral
na cueca das idéias vãs.'

À moda Drummond:
'Tinha um raio-x no meio do caminho,
e agora José?'

À moda Proust:
'Acabrunhado com todas aquelas denúncias e a perspectiva de mais um dia tão sombrio como os últimos, juntei os dólares e elevei-os à cueca. Mas no mesmo instante em que aquelas cédulas tocaram a minha pele, estremeci, atento ao que se passava de extraordinário em mim. Invadira-me um prazer delicioso, isolado, sem noção da sua causa. Esse prazer logo me tornara indiferente às vicissitudes da vida, inofensivos seus desastres, ilusória sua brevidade, tal como o fazem a ideologia e o poder, enchendo-me de uma preciosa essência.'

À moda Kafka:
'Naquela manhã, K. acordara com os testículos embrulhados num gigantesco maço de notas novas.'

À moda James Joyce:
'Aquele que se aproxima é o raio x... Lendo duas páginas por noite termino semana que vem... Por que me olha a funcionária dessa forma? Ninfomaníaca... O carpete granulado desaparecera sob seus pés, a esteira rolava a conduzí-lo, sabe-se lá para onde. Termino a leitura no avião. Me coçam as bolas, me embrulham essas folhas retangulares de cor-sem-cor em tom pastel... Caso morra, é preciso enviar cópias a todas as bibliotecas do mundo, inclusive Alexandria. Ela é maníaca, não bastava me olhar assim, com esses olhos, e agora me quer tocar assim, com essas mãos, vai me conduzir à sala vip... o que fazer com ela? Se eu mijasse destruía as cédulas?'

À moda TS Eliot:
'Que dólares são estes que se agarram a esta imundície pelancosa?
Filhos da mãe! Não podem dizer! Nem mesmo estimam
O mal porque conhecem não mais do que um tanto de idéias fraturadas, batidas pelo tempo.
E as verdades mortas já não mais os abrigam nem consolam.'

À moda Lispector:
'Guardei os dólares na cueca e senti o prazer terrível da traição. Não a traição aos meus pares, que estávamos juntos, mas a séculos de uma crença que eu sempre soube estúpida, embora apaixonante. Sentia-me ao mesmo tempo santo e vagabundo, mártir de uma causa e seu mais sujo servidor, nota a nota.'

À moda Lênin:
'Não escondemos dólares na cueca, antes afrontamos os fariseus da social-democracia. Recorrer aos métodos que a hipocrisia burguesa criminaliza não é, pois, crime, mas ato de resistência e fratura revolucionária. Não há bandidos quando é a ordem burguesa que está sendo derribada. Robespierre não cortava cabeças, mas irrigava futuros com o sangue da reação. Assim faremos nós: o dólar na cueca é uma arma que temos contra os inimigos do povo. Não usá-la é fazer o jogo dos que querem deter a revolução. Usá-la é dever indeclinável de todo revolucionário.'

À moda Stalin:
'Guarda a grana e passa fogo na cambada!'

À moda Gilberto Gil:
'Se a cueca fosse verde como as notas, teríamos resgatado o sentido de brasilidade impregnado nas cores diáfanas de nosso pendão, numa sinergia caótica com o mundo das tecnologias e dos raios que, diferentemente dos da baianidade, não são de sol nem das luzes dos orixás, mas de um aparelho apenas, aleatoriamente colocado ali, naquele momento, conformando uma quase coincidência entre a cultura do levar e trazer numerário, tão nacional, tão brasileira quanto um poema de Torquato.'

À moda Ferreira Gullar:
'Sujo, sujo, não como o poema
mas como os homens em seus desvios.'

À moda Paulinho da Viola:
'Dinheiro na cueca é vendaval, é vendaval...'

À moda Camões:
'Eis pois, a nau ancorada no porto
à espreita dos que virão d'além
na cobiça da distante terra,
trazendo seus pertences, embarcam
minh'alma se aflige
tão cedo desta vida descontente.'

À moda Guimarães Rosa:
'Notudo. Ficado ficou. Era apenas a vereda errada dentre as várias.'

À moda Shakespeare:
'Meu reino por uma ceroula!'

À moda Dráuzio Varela:
'Ao perceber na fila de embarque o cidadão à frente, notei certa obesidade mediana na região central. Se tivesse me sentado ao seu lado durante o vôo, recomendaria um regime, vexame que me foi poupado pelos agentes da PF de plantão no aeroporto. Cuidado, portanto: nem toda morbidez é obesidade.'

À moda Neruda:
'Cem mil dólares
e uma cueca desesperada.'

À moda Saint Éxupéry:
'Tu te tornas eternamente responsável pelo que carregas na cueca.' "

Desculpem o desabafo de ontem...

9.8.05

É a vida...

Por que as coisas acontecem assim? Nunca dá certo por inteiro, sempre alguma coisa dá errado... É, a gente tem que se conformar, a vida é assim, né... Bah, muito clichê isso, mas enfim, alguma coisa deu errado pra mim agora. Não, ninguém morreu e nada muito grave aconteceu, mas depois de um ano muito difícil como foi 2004, as coisas finalmente estavam acontecendo como eu queria. Eu entrei na UFRGS, consegui decidir (embora ainda restem muitas dúvidas) que curso eu quero fazer, entrei pra Fabico, fiz amigos, conheci pessoas maravilhosas e ainda podia olhar pra cara dos outros, rir e dizer "Eu tô na UFRGS" (um pouquinho de sarcasmo...). Mas, é claro, me puxaram um tapete, eu não sabia que trancar cadeiras prejudicava tanto, e tranquei. Agora, por causa disso, não posso ser colega dos meus amigos, não posso estudar de manhã, meu horário está todo quebrado e, ainda por cima, não consegui vaga em duas das disciplinas mais importantes. Tá, eu sei que não é o fim do mundo, que existem problemas bem piores, mas eu ainda fico indignada... Poxa, tirei A em todas as cadeiras, por quê? Bom, não levem muito a sério, é só um desabafo, é que acabei de ver o resultado da matrícula. Na verdade nem sei se não existe uma solução, ainda vou na Fabico negociar, mas por enquanto ainda fico angustiada. Fazer o quê?

5.8.05

Desculpem eu insistir sempre no mesmo assunto, mas eu tenho q pôr um frase do Roberto Jefferson na CPI do mensalão:

"O José Dirceu é apenas 'cerebril'"

????????

Verdade?

O que mais me irrita nessa situação toda é ver um corrupto tido como herói (Roberto Jefferson) e os "bandidos" virarem mocinhos. É óbvio que o PT está envolvido em falcatruas, mas por que é o único condenado? Os que sempre nos roubaram agora se atribuem o direito de julgar, condenam os outros pelo que eles já estão há muito acostumados a fazer. E nós os aplaudimos por estarem nos trazendo a verdade. Mas que verdade é essa que vem pela metade? É evidente que o fato de sempre ter havido corrupção não justifica o que está acontecendo, mas eu quero ver tudo em pratos limpos, resgatar a história de corrupção daqueles que já elegemos tantas vezes. Quero ver serem abertos os sigilos fiscal e telefônico (e o que mais tiver) de todos os deputados, todos os políticos, para ver a direita que hoje condena se enlamear nas suas próprias mentiras.
Uma estrela ainda brilha em mim, mesmo que fraca, apagada, porque eu sei que a maioria do partido, a militância geralmente anônima, que está tão decepcionada quanto eu, não aprova essas atitudes e ainda quer lutar para recuperar uma história e um projeto de mudança pela esquerda.

4.8.05

Foda-se

Às vezes me sinto uma idiota por ter acreditado por tanto tempo que quando o agora chegasse tudo ia ser diferente. Me sinto ludibriada por pessoas que eu achava que podiam (e queriam) mudar as coisas. Mas eu paro e me dou conta que não sou eu a idiota, são eles, os que nos convenceram disso tudo. Eu não posso me sentir mal por ter acreditado que é possível ter um mundo diferente, que a gente pode ser mais feliz em um mundo mais justo. Eu acreditei em um projeto de mudança, e continuo acreditando. Afinal, se nós perdermos a esperança e desistirmos de lutar, a mudança nunca vai acontecer. A gente tem que ser diferente. Estou triste sim, porque eu percebi que as coisas são muito mais difíceis do que eu imaginava, vão demorar mais para acontecer, e não podemos contar com todos para fazê-las tomar outro rumo. Foda-se o Zé Dirceu, foda-se o Genoíno, o Lula, o Silvinho, o Delúbio, Marcos Valério... Fodam-se todos! Eu quero acreditar que um outro mundo é possível. Eu preciso disso.

3.8.05

Pra começo de conversa

Na verdade não sei muito bem o que dizer. Tava lendo os blogs dos meus amigos e fiquei com vontade de ter um lugar pra dizer o que eu penso de tudo o que acontece. Não sei se alguém vai ler, mas isso também não é o mais importante. O principal é que eu vou poder escrever. De preferência leiam, vou ficar mais feliz...
Bom, mas por que pensamentos de quem não sabe o que pensar? Eu ando meio perdida, a situação atual não está muito fácil. Sempre acreditei numa proposta, num ideal que agora são corroídos, acabo me decepcionando com tudo o que está acontecendo e não sei mais pra onde correr. Ainda vou escrever mais sobre isso, o que eu posso dizer agora é que eu estou triste, decepcionada e perdida.
Ah, essa é também uma característica minha, sempre explico o porquê das coisas, como o título do meu blog. Não sei o motivo disso, talvez seja insegurança, sei lá.
Não sei nem quanto tempo esse blog vai durar, não sou muito persistente, acabo ficando meio relapsa. Mas vou tentar fazer uma página pelo menos um pouco interessante (se é que eu vou conseguir pensar em alguma coisa interessante). Bom, isso tudo vou descobrindo, por enquanto é só.